terça-feira, 29 de agosto de 2017

Aurora

III

Por um momento
Tudo que desejei.
Eterno memento,
Sabor sensação de quando beijei.

Como especiaria estrangeira
Tempo, lembrança e vontade.
Inda que talvez passageira,
Perdura à eternidade.

É fuga rápida, de emoção.
Mas o olhar é longo, é tentação.
Os mesmos olhos, intensos e sedentes,
Perdem-se ao corpo, entre bocas e dentes.

É par. O erro consente.
É amargo também o doce demasiado.
Sem chocolate, a madrugada vai lentamente.
Sem culpa, busca-se no quente o gelado.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Um nada

Existe em mim
Um tudo que não foi nada.
Um tudo sem fim.
Um tudo que me desagrada.

Tudo que deixei para trás.
Tudo que sempre guardei.
O todo que não me satisfaz.
O todo que me tornei.

Vem do lavor de viver.
Qual tudo se pode escolher?
Vem do sabor de ter sido.
De tudo que era pra ter esquecido.

Mas se esqueço não sou.
E não posso, senão, não ser.
Então diga-se que sou tudo que sobrou
De tudo que não pude viver.